Sessão da CCJ teve alguma gritaria, mas consegui discutir, votar e aprovar a PEC da Transição. Próximo embate será no plenário - Pedro França/Agência Senado
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou na tarde desta terça-feira (6) a Proposta de Emenda à Constituição 32, a chamada PEC da Transição, apresentada pelo futuro governo. Houve acordo para reduzir o valor total e o prazo. O substitutivo apresentado pelo relator, Alexandre Silveira (PSD-MG), não retirou o Bolsa Família (hoje Auxílio Brasil) do teto de gastos, mas aumentou o limite para R$ 175 bilhões, que na negociação ficaram sendo R$ 145 bilhões, para garantir o pagamento de programas sociais. E fixou o prazo desse aumento em dois anos, em vez dos quatro sugeridos inicialmente.
Com isso, a partir de janeiro o governo eleito poderá manter o pagamento de R$ 600 para o Bolsa Família, acrescido de R$ 150 por criança de até 6 anos. Agora, a PEC da Transição precisa passar por dois turnos no Senado, sendo necessários três quintos dos votos – 49 dos 81 parlamentares. Depois disso, seguirá para a Câmara, onde também terá de ser submetida a duas votações e aprovada também por três quintos dos parlamentares (308 de 513 votos). Além disso, até agosto o novo governo deverá encaminhar ao Congresso projeto sobre um novo e “sustentável” regime fiscal.
Tentativa de protelar
Parlamentares fiéis ao atual presidente da República tentaram protelar a discussão. Para isso, apresentaram requerimento para realização de uma audiência pública – um dos três assinantes do pedido foi o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Derrotados na votação simbólica, os bolsonaristas pediram votação nominal, mas também perderam (16 a 10, com uma abstenção).
Alexandre Silveira afirmou que a política econômica do ministro Paulo Guedes foi derrotada na eleição. E acrescentou que o próximo presidente “é um governante que já demonstrou sua responsabilidade fiscal”. Além disso, a PEC visa a manter uma política social que foi aprovada pelo próprio governo, o atual.
Responsabilidade fiscal e social
Rogério Carvalho (PT-SE) também enfatizou a responsabilidade dos governos Lula na área fiscal. “Mudou o perfil da dívida. Saiu de uma dúvida púbica em dólar para uma dívida em real. E nosso processo inflacionário é muito mais em decorrência do desastre que foi a reindexação da economia, por adotar, por exemplo, paridade de preços internacionais de combustíveis. (…) O que está em discussão é como o Brasil vai funcionar em 2023. E o mercado precisa precificar o tamanho do gasto. (…) A grande tarefa é fazer que os brasileiros comam as três refeições, que os serviços públicos funcionem, que este país volte a andar.”
Candidata à Presidência da República, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) reagiu com veemência ao que considera tentativa de protelação da votação da PEC da Transição. Lembrou que não há separação entre responsabilidade fiscal e social. Lamentou tentativa de “nivelar por baixo” a discussão, aceitando os R$ 600 da Bolsa Família, mas excluindo os R$ 150 por criança até 6 anos. Ela lembrou que quase metade das famílias com crianças nessa faixa etária está em insegurança alimentar.
Orçamento “deficiente” em várias áreas
Relator do Orçamento da União para 2023, o senador Marcelo Castro (MDB-PI) disse que, além de garantir o Bolsa Família, um dos grandes objetivos da PEC é “recompor o Orçamento, que está todo em deficiência, em várias áreas”. A de saúde, por exemplo, estaria defasada em R$ 16,6 bilhões. “Há uma fila de cirurgia eletivas do SUS que, para zerar, (e para isso) nós precisaríamos de mais de R$ 8 bilhões.”
Ele citou ainda corte de R$ 1,8 bilhão no programa Farmácia Popular. “São mais de 20 milhões de brasileiros que recebem os remédios regularmente. Sem essa PEC, não haverá um orçamento minimamente exequível, qualquer que fosse o governo.”
Mercado em calmaria
Castro também citou dados divulgados pelo ex-ministro Nelson Barbosa, lembrando que o Orçamento deste ano corresponde a 18,9% do PIB. Esse mesmo percentual, transportado para 2023, ficaria em torno de R$ 136 bilhões, valor próximo do sugerido, por exemplo, por Jaques Wagner (PT-BA). “O mercado está em calmaria, não está nervoso, não está estressado. Por que ficaria estressado no ano que vem se fossem os mesmos 19%?”, questionou. Tasso Jereissati (PSDB-CE) afirmou que o dado está “provavelmente equivocado”, por não considerar crescimento menor do PIB no ano que vem.
Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) e Espiridião Amin (PP-SC), entre outros, consideraram o prazo de um ano o mais justo para a transição. Amin, inclusive considerou que o teto de gastos está “desgastado”
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