Servidores públicos em greve exigem retirada do “pacote da morte” do governo Leite

12/12/2019 11:36

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A greve dos servidores públicos gaúchos foi marcada nesta quarta-feira (11) por uma grande caminhada no bairro Partenon, em Porto Alegre, apesar do calor de mais de 30 ºC. Após concentrações no Hospital Psiquiátrico São Pedro e no Sanatório Partenon, cerca de 200 funcionários marcharam pelas avenidas Bento Gonçalves, Aparício Borges e Ipiranga. A mobilização foi organizada pelo Sindsepe-RS, Sintergs, Sindicaixa, Afagro e Assagra, com a participação da CUT, CGTB e CSP-Conlutas.

O trajeto dos manifestantes contemplou alguns dos principais pontos de referência em saúde do Estado na capital gaúcha, como o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), o Departamento de Assistência Farmacêutica (DAF) e a Escola de Saúde Pública (ESP-RS). Além de repudiar o pacote do governador, os servidores denunciaram que estão há 48 meses com salários parcelados, atrasados e há cinco anos sem qualquer reajuste.

Segundo o Comando de Greve, as manifestações não irão cessar, enquanto o governador Eduardo Leite (PSDB) não retirar o "pacote da morte" que tramita em regime de urgência da Assembleia Legislativa.

O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, destacou que "a greve está forte e a população apoia, buzina, se mostra solidária, porque entende que o Estado precisa estar organizado, com serviços públicos eficientes e de qualidade, com servidores respeitados". Para ele, "o governador vai ter que recuar desse pacote da morte que apresentou na Assembleia".

Amarildo com Sindsepe

O secretário de Relações de Trabalho da CUT-RS, Paulo Farias, salientou que "o governador mentiu na campanha e, por isso, agora é luta". Ele reforçou também que "o governador tem que retirar o pacote" e alertou os deputados que "haverá resposta do povo será nas urnas", lembrando que no ano que vem ocorrerão eleições de vereadores e prefeitos, que atuam como cabos eleitorais dos deputados. 

Durante a passeata, o vice-presidente do Sindsepe-RS, Rogério Viana, reafirmou a importância da unidade das categorias na luta e citou a saúde como exemplo desta união. “Hoje nós mostramos que estamos mobilizados e que não vamos retroceder nem sequer um passo. Estamos aqui para desmentir essa história de que apenas 10% dos servidores da saúde haviam aderido à greve. É só olhar para o lado para perceber que a nossa adesão é muito maior, é de 60%. Quem mente sabe que mente”, afirmou.

Rogério fez um balanço sobre as atuais paralisações contra o pacote. “A última greve dos servidores da saúde foi em 1987 e, de lá para cá, nunca mais esta categoria se uniu com tanta força. Agora nós estamos num momento histórico que demonstra para todos a importância deste movimento contra os ataques do governador”, destacou.

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O diretor de assuntos funcionais do Sintergs, Elpidio Borba, salientou a relevância da marcha e do seu contato direto com a sociedade gaúcha. “O importante é que a gente saiu para a rua e a população que circulou durante todo o trajeto foi unânime em nos apoiar. Isso é algo que nos faz sentir a firmeza do movimento”, disse.

Elpidio afirmou que o chamado "pacote da morte" continuará enfrentando toda a resistência do movimento sindical, enquanto não sair de tramitação no parlamento. “A gente que já trabalha há mais de 40 anos no serviço público e participou de muitos movimentos paredistas, sem dúvida nenhuma podemos garantir que essa é a greve mais forte e que uniu exatamente todas as categorias: professores, saúde, planejamento, bombeiros, polícia civil, serviço penitenciário. A gente nota na Assembleia Legislativa que o governo já não está mais com a mesma força que tinha antes”, assegurou.

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Quando a marcha estava na Avenida Ipiranga, os trabalhadores e as trabalhadoras decidiram parar em frente ao Departamento de Assistência Farmacêutica para denunciar no carro de som o fato de que assédio moral contra o grevista é ilegal e imoral. Os dirigentes sindicais convidaram todos os servidores da unidade para se juntarem na luta contra a destruição do serviço público.

O mesmo aconteceu na Escola de Saúde Pública, local onde os grevistas conversaram com servidores e informaram sobre a legalidade da greve na defesa dos direitos mais básicos das categorias, conquistados anteriormente com muita luta e persistência.

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Ainda na Escola de Saúde Pública, o secretário-geral do Sindicaixa, Miguel Chagas, reafirmou a importância da presença dos trabalhadores da saúde. “É essa categoria que promove o serviço gratuito para a comunidade, é ela que atende o povo da periferia. Até mesmo aquele que tem dinheiro, ela atende, não exclui ninguém. Então, nós estamos hoje junto deles, demonstrando ao governador que tanto o serviço público quanto os servidores são essenciais para o Rio Grande do Sul”, declarou.

Miguel também não poupou críticas ao "pacote da morte" do governador. “Esse pacote fez com que todos os sindicatos de servidores públicos se unissem para enfrentá-lo, até mesmo os representantes da categoria dos policiais civis. Isso escancara o quanto ele é nefasto para todos nós”, ressaltou.

A caminhada foi acompanhada também pelo deputado estadual Jeferson Fernandes (PT), que classificou o pacote como "malévolo". Ele disse que "o governador se elegeu dizendo que iria valorizar o serviço público e não está honrando com a sua palavra". O parlamentar parabenizou "a todos os que lutam pelos seus direitos".

Estamos na greve

Já no fim da manifestação, a terapeuta ocupacional do Sanatório Partenon há 20 anos, Claudia Pereira, salientou a importância da marcha para a conjuntura da greve. “A importância é, sobretudo, devido à representatividade dos serviços de saúde que nós prestamos. A maioria dos atendimentos que são referências em saúde mental, tuberculose, HIV/AIDS e sífilis, é realizada aqui na Zona Leste de Porto Alegre”.

A terapeuta ainda relatou suas impressões sobre a greve. “De todos estes anos que eu estou trabalhando no Estado, percebo que esta é a maior. Tudo que ele [governador] está fazendo vai atingir não só a vida dos servidores, mas também a dos serviços que nós prestamos. E as pessoas estão se dando conta disso, tanto que a gente tem um apoio muito grande da população agora porque ela está entendendo que também vai perder muito, não são só os servidores”, concluiu.

Ato dos servidores1 (2)

A semana seguirá com intensas mobilizações nos piquetes localizados nos diversos locais de trabalho na Capital e no Interior, com a realização de várias atividades promovidas pelos grevistas como a coleta solidária da greve, onde os servidores estão recebendo doações para serem distribuídas ao Asilo Padre Cacique e também na casa de acolhimento Mirabal.

Fonte: Fonte: CUT-RS com Sindsepe-RS