São Paulo – A guerra entre Rússia e Ucrânia chegou ao 12º dia nesta segunda-feira (7), com o exército russo iniciando um cessar-fogo e abrindo corredores humanitários em algumas cidades ucranianas, como a capital, Kiev. Para hoje, é esperada a terceira rodada de conversas entre as delegações russa e ucraniana em busca de entendimento e chegar a um acordo para o fim do conflito.
Rússia inicia cessar-fogo e abre corredores humanitários
07/03/2022 11:41
Terceira reunião para encerrar conflito entre países deve ser realizada ainda hoje
Publicado 07/03/2022 - 11h26
Sputnik / Aleksei Mayshev

O presidente russo, Moscou: Vladimir Putin discutiu por telefone a situação na Ucrânia com o chefe do Conselho Europeu, Charles Michel
O Ministério da Defesa da Rússia disse que suas forças pausaram seus ataques para permitir a evacuação de civis que estão nas nas cidades de Kiev, Kharkiv, Mariupol e Sumy. Entretanto, a saída dos refugados serão para Belarus ou Rússia. Na avaliação do governo ucraniano, a ação pode ser uma estratégia para concentrar forças e fazer uma nova onda de ataques, com uma escalada no conflito, em Kiev, nos próximos dias.
- Ameaças
Um comunicado das forças armadas ucranianas, divulgado hoje, alerta que os militares russos estão se preparando para invadir Kiev, mas antes tentariam assumir total controle das cidades de Irpin e Bucha, que ficam próximas à capital da Ucrânia. Vadym Denysenko, assessor do Ministério do Interior da Ucrânia, afirmou que “uma grande quantidade de equipamentos militares e soldados russos está concentrada na proximidade de Kiev”.
Ainda hoje, o presidente russo, Vladimir Putin, discutiu por telefone a situação na Ucrânia com o chefe do Conselho Europeu, Charles Michel. De acordo com o líder russo, os militares russos estão tomando todas as medidas possíveis para salvar a vida dos civis na Ucrânia. Ele ainda afirmou a Michel que a principal ameaça na Ucrânia são os nacionalistas, “que estão usando táticas terroristas, escondendo-se atrás da população”.
A Rússia prometeu não ocupar a Ucrânia, mas afirmou que as tropas irão se retirar após cumprir seus objetivos, entre elas, a “desmilitarização e desnazificação da Ucrânia”. O professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Reginaldo Nasser diz que a demanda russa é impossível de ser conquistada.
“A Rússia, por exemplo, defendia a separação das duas regiões e a não adesão à Otan. A ocupação não está nos planos porque é impossível fazer isso, assim como a desmilitarização do país. A questão também da desnazificação é uma questão retórica. Portanto, é um jogo que não sabemos onde querem chegar. É preciso saber também onde os Estados Unidos e a Otan querem chegar, porque essas sanções atingem a população russa e também o mundo. Então, diante de tanta incerteza sobre os objetivos, é difícil fazer um acordo”, afirmou ele, em entrevista ao repórter Rodrigo Gomes, da Rádio Brasil Atual.
Sanções danosas
Os Estados Unidos e a União Europeia estudam novas sanções contra a Rússia, e um possível embargo ocidental ao setor energético russo provocou a disparada dos preços do petróleo e do gás natural, assim como a queda das Bolsas ao redor do mundo, que temem a desaceleração da economia mundial.
O preço do barril de Brent do Mar do Norte se aproximou de US$ 140 (R$ 710) no domingo (6), muito perto do recorde absoluto de US$ 147,50 (R$ 748) de julho de 2008. Ainda na manhã de hoje, o preço do gás natural voltou a bater um recorde histórico no mercado europeu, com uma alta de mais de 60%, a 345 euros (R$ 1.911).
Nasser diz que as sanções não ajudam a frear a guerra e apenas prejudicam a economia global. Segundo ele, um dos problemas será situação do gás russo na Europa, na qual ainda não se tem dimensão de como a comunidade europeia irá se afetar. “É muito difícil conseguir algo com sanções. As pessoas acham que é uma solução pacífica, mas é uma guerra silenciosa e mata civis. O Iraque, na década de 90, cerca de 500 mil crianças morreram por falta de assistência médica. Quando as sanções acometem uma nação, a população se levanta contra essas medidas”, afirmou o professor.