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Ministro fala em recompra de refinaria privatizada pela Petrobras e critica a venda da Eletrobras
05/09/2023 07:18
A rediscussão das privatizações de empresas do setor de energia realizadas durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) entraram na pauta de trabalho do atual ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD). Em menos de uma semana, ele falou sobre uma eventual revisão do processo de venda da Eletrobras e sobre uma possível recompra da antiga Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, privatizada pela Petrobras.
A estatal concluiu a venda da Rlam em dezembro de 2021, que foi rebatizada de Refinaria de Mataripe. Segundo o ministro, a venda prejudicou a população local.
"O povo baiano e sergipano tem pago preços de combustíveis mais caros do que em regiões de influência das refinarias cujo controle é da Petrobras. Entendemos do ponto de vista da segurança energética e da nova geopolítica do setor de petróleo e gás, respeitadas as regras de governança da companhia, que a Petrobras deve avaliar recomprar a RLAM. É um ativo histórico e que fez parte da estratégia de desmonte do Sistema Petrobras e nunca deveria ter sido vendido", declarou Silveira, segundo nota divulgada pelo Ministério das Minas e Energia (MME), no domingo (3).
Naquele dia, a Petrobras assinou um acordo com o fundo Mubadala Capital, dos Emirados Árabes, o qual comprou a antiga Rlam. O acordo prevê cooperação entre as empresas para, entre outras coisas, o desenvolvimento do diesel renovável.
Procurada pelo Brasil de Fato, a Acelen, empresa do Mubadala criada para gerir a antiga Rlam, não se pronunciou sobre a ideia do governo acerca da reestatização da refinaria. A empresa, contudo, disse que confia na “importância de manter a competitividade no mercado do refino no país” para “para estimular a concorrência e ainda dar segurança ao investidor que quer apostar no crescimento do país”.
“De dezembro de 2021 para cá, as refinarias privadas praticaram preços, em média, 5,5% mais caros do que a Petrobras. Hoje, o sobrepreço é de 8,6%”, escreveu. “O mais grave de todos é o gás. Em média, as refinarias privadas venderam o GLP 13% mais caro do que a Petrobras desde dezembro de 2021. Hoje, essa diferença é muito maior, de 26%.”

Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), disse que toda a categoria espera a reestatização. “Não importa a forma. Importa é que a Petrobras detenha o controle dessa refinaria que sempre foi da Bahia, do Brasil e da Petrobras.”
O presidente da Associação Brasileira de Refino Privado (Refina Brasil), Evaristo Pinheiro, afirmou ao Brasil de Fato que a decisão sobre uma eventual reestatização cabe ao governo. Ele ressaltou que as refinarias privadas têm condição de fornecer combustíveis a preços compatíveis com os da Petrobras se, entre outras coisas, a estatal passar a fornecer a elas petróleo a preço semelhante ao repassado às suas refinarias.
Eletrobras
Antes de falar da Rlam e dos prejuízos à população causados pela sua reestatização, Silveira já havia se pronunciado sobre a Eletrobras, empresa cujo controle foi vendido pelo governo em 2022, antes da eleição.
Na operação, o governo, que detinha cerca de 65% das ações com direito a voto na companhia, reduziu sua participação para 42%. A lei que criou regras para a privatização da Eletrobras, entretanto, limita o poder de voto do governo a 10%.
Para Silveira, isso é ruim. “O modelo de corporation não é incomum no mundo, mas, na minha visão, não foi feito para ser utilizado em setores estratégicos nacionais, que inclusive envolvem a segurança nacional”, disse, durante uma audiência Câmara, na terça-feira (29).
A audiência foi convocada apagão nacional do último dia 16. Segundo Silveira, a falha no fornecimento de energia, que deixou 25 estados sem luz, começou com um problema numa linha da Eletrobras.
A empresa, desde a privatização, tem realizado demissões. O governo pediu a suspensão do Programa de Demissões Voluntárias (PDV) da empresa. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) ordenou que ele parasse e determinou a reintegração de 353 empregados.
Edição: Rodrigo Durão Coelho