Lula em Minas: ataque de bolsonaristas a Marina Silva vem da ‘escola do fascismo’ de quem segue presidente ‘covarde’

23/10/2022 11:42

Violência política é “quase uma ordem” de Bolsonaro, disse Lula em Belo Horizonte. Simone Tebet afirmou que as mulheres vão decidir a eleição contra um presidente “misógino”

Ricardo Stuckert
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"todas as pessoas que amam a democracia sabem que é necessário derrotar o Bolsonaro", disse Lula

São Paulo – O candidato da coligação Brasil da Esperança à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu em defesa da ex-ministra Marina Silva, vítima de ofensas por simpatizantes de Jair Bolsonaro (PL) na noite de sexta-feira (21), após caminhada em Juiz de Fora, Minas Gerais.

“O ataque ontem a Marina faz parte da escola do fascismo. A pessoa que xingou a companheira Marina não é uma pessoa séria. Mesmo com pensamento antagônico, uma pessoa séria jamais levantaria pra xingar alguém dessa forma. Minha solidariedade a Marina”, comentou Lula, durante entrevista coletiva na manhã deste sábado, em Belo Horizonte.

Ao sair de um restaurante, Marina foi xingada de “vagabunda” e “traidora” por um homem. Ela tentou identificar o agressor, mas ele fugiu. Mas a deputada eleita registrou um boletim de ocorrência contra o agressor.

“A gente faz política há 50 anos, isso não existia no Brasil nem em cidade pequena, média, grande. Hoje o que nós vemos é violência e mais violência verbal, e, às vezes, violência física. Isso é porque nós temos um governo fascista no Brasil”, disse o ex-presidente. “Chegar à briga, chegar a trocar soco, chegar a se matar é a anormalidade que o fascismo está implantando nesse país. Ou seja, é quase uma ordem do presidente”, disse Lula, em referência a Jair Bolsonaro (PL).

“O que a gente não consegue compreender é a postura, a atitude de intimidar. E por que, quando se trata de uma mulher, é sempre nessa questão de natureza moral, de natureza sexual. Parece que o bolsonarismo não sabe lidar com as mulheres”, afirmou Marina.

Simone: “As mulheres vão decidir essa eleição”

A senadora Simone Tebet (MDB-MS), que ficou em terceiro lugar no primeiro turno e que agora apoia Lula, afirmou que “são as mulheres que vão decidir essa eleição”. “E nós vamos decidir essa eleição contra um presidente misógino, que estimula a violência contra as mulheres, porque é um covarde. Estimula inclusive que políticos agridam as mulheres”, afirmou a parlamentar.

Além da agressão à Marina, ela também citou os ataques do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) à ministra Cármem Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF). “É caso de prisão. Ele tem que voltar para a cadeia imediatamente. Ninguém tem o direito de agredir uma mulher, seja ela autoridade pública ou não.”

Em vídeo publicado pela sua filha, a ex-deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), Jefferson compara a ministra a uma “prostituta” por ela ter votado a favor da punição da Jovem Pan. “Lembra mesmo aquelas prostitutas, aquelas vagabundas, arrombadas, né? Que viram para o cara diz: ‘Benzinho, no rabinho, nunca dei o rabinho. É a primeira vez’. Ela fez pela primeira vez, ela abriu mão da inconstitucionalidade pela primeira vez”, disse ele.

“Esses bolsonaristas não passarão. Nós mulheres brasileiras elegeremos Lula e vamos unir esse Brasil, com amor e com coragem”, afirmou Simone.

Caminhada

Após a coletiva, Lula, Simone e Marina participaram de uma caminhada em Belo Horizonte e na cidade vizinha de Ribeirão das Neves. Também estivam presentes o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD-MG), que declarou voto em Lula no segundo turno, assim como o ex-prefeito da capital Alexandre Kalil (PSD-MG), o senador Alexandre Silveira (PSD-MG) e o ex-governador Fernando Pimentel (PT-MG).

Lula fez um chamado à militância para convencer o maior número de pessoas a votar no segundo turno. “Procurem as pessoas que se abstiveram de votar. Precisamos convencer elas a irem votar para que a gente possa tirar um presidente desumano. A partir de amanhã é visitar casa a casa, saber se a pessoa votou ou não e pedir para as pessoas irem votar dia 30”, afirmou.

“Temos uma semana para tirar de casa quem não votou, para votar Lula 13”, disse Simone “Quem conhece alguém que anulou o voto, que votou em branco, que votou em Ciro ou em Simone? Agora é a hora de falar com essas pessoas. Ciro está com Lula, Simone está com Lula”, frisou. Marina também também defendeu um “estado permanente de campanha” para mostrar a Bolsonaro “o tamanho da vitória da democracia”, segundo ela.