São Paulo – As sanções impostas à Rússia pelas nações do Ocidente ameaçam a importação de fertilizantes pelo Brasil e a produção de alimentos. De acordo com dados da Federação Única dos Petroleiros (FUP), o país importa 85% dos insumos utilizados em território nacional, principalmente da Rússia. A dependência da importação para suprir o mercado doméstico deixa vulnerável o país, que é o quarto maior produtor de grãos do mundo e o segundo entre os exportadores.
Guerra ameaça importação de fertilizantes da Rússia e produção de alimentos no Brasil
02/03/2022 13:06
Ausência de estratégia do governo federal fechou produções da Petrobras e tornou o Brasil dependente da Rússia
Publicado 02/03/2022 - 12h21
Fernando Frazão/EBC

Solução para evitar a escassez de fertilizantes começa pela retomada das atividades das fábricas da Petrobras, responsáveis pela produção do insumo, explica a FUP
Segundo números da Secretaria de Comércio Exterior analisados pela área econômica da FUP, em 2021 o Brasil gastou US$ 15,2 bilhões em importações de adubos e fertilizantes químicos. O valor é 90% maior do que o gasto em 2020. Foram 41,5 milhões de toneladas de fertilizantes adquiridas pelo Brasil no exterior a um valor 56% acima do que foi pago no ano retrasado.
Petrobras e desinvestimento
De acordo com a FUP, o principal fator que levou o país ao patamar de dependência do mercado exterior foi um plano anunciado pelo governo de Michel Temer (MDB) em setembro de 2016, de retirada da Petrobras da produção de insumos. Em 2018, as fábricas de fertilizantes nitrogenados da Bahia e de Sergipe foram hibernadas. Em seguida, o processo que teve continuidade com o governo de Jair Bolsonaro (PL). Dois anos depois, elas foram arrendadas à Proquigel, subsidiária da Unigel, de capital fechado.
“Por uma opção de mercado apenas a gestão da Petrobras alinhada com os golpistas, como Temer e Bolsonaro, achou por bem sair desse mercado de fertilizante. E agora estamos pagando por isso, seja nessa guerra ou em outras que podem vir a ocorrer. Nós poderíamos fazer com que as unidades da Petrobras de fertilizantes nitrogenados voltasse a produzir para abastecer o mercado local. Poderíamos fazer com que a Unidade (de Industrialização) do Xisto, que tem no Paraná, ficasse na Petrobras e fosse usado como fertilizante. E que nós pudéssemos também incentivar, de forma controlada e responsável, a questão dos fertilizantes minerais. Isso é um plano estratégico, de soberania que infelizmente esse governo não tem”, ressalta Castellano.