Sandra Torres, Edmond Mulet e Zury Ríos Sosa aparecem como favoritos nas eleições presidenciais da Guatemala - montagem/reprodução
A Guatemala vive, neste domingo (25), suas eleições gerais, que contemplam a votação para escolher as autoridades regionais, os membros do Parlamento unicameral do país e uma disputa presidencial na qual as pesquisas indicam três candidatos com chances de avançar a um provável segundo turno.
As regras eleitorais no país centro-americano são simples, como no Brasil: em disputas para cargos executivos, vencer no primeiro turno requer a obtenção de mais de 50% dos votos válidos. Porém, as recentes medições de intenção de voto mostram que as três candidaturas melhor posicionadas, Sandra Torres, Zury Ríos Sosa e Edmond Mulet, dificilmente superarão os 25% neste fim de semana.
Ainda assim, as diferenças entre as cifras mostrada por distintas sondagens gera uma incerteza sobre quem irá avançar ao segundo turno, programado para o dia 20 de agosto.
Quem vencer essa eleição, irá assumir a Presidência da Guatemala no próximo dia 14 de janeiro de 2024, substituindo o atual mandatário, o conservador Alejandro Giammattei.
Sandra Torres
Muitas vezes, o título de ex-primeira-dama serve para rotular uma mulher com a ideia de que, no passado, ela foi apenas um apêndice do marido ex-presidente. Mas, neste caso, vale destacar uma particularidade: Sandra Torres se divorciou de Álvaro Colom, que governou a Guatemala entre 2008 e 2012, antes de este terminar o mandato.
Empresária do ramo têxtil, de 67 anos, Torres se separou de Colom em 2011. Seu histórico como desenvolvedora de programas sociais durante o mandato do ex-marido foi o que a projetou como principal liderança dentro do partido de centro-esquerda Unidade Nacional da Esperança (UNE), o mesmo do então presidente, que estava com um governo que mostrava altos índices de desaprovação.
Como primeira-dama, Torres criou e administrou projetos como Bolsa Solidária (transferência de renda), Bolsa de Alimentos (adicional à cesta básica), Escolas Abertas (educação para população de baixa renda) e Comunidade Produz (apoio a pequenos produtores rurais), além de ter sido uma das idealizadoras do Programa Nacional de Música para a Infância e Juventude (apoio a menores de idade para estudar música).
Quatro anos depois, em 2015, a empresária disputou as eleições presidenciais pela primeira vez, encabeçando a candidatura do UNE. No primeiro turno, ela obteve 19,8%, com uma desvantagem de apenas quatro pontos percentuais contra o mais votado, o liberal Jimmy Morales, que ficou com 23,9%, o que lhe permitiu disputar o segundo turno.
Porém, o resultado da segunda votação foi categórico: 65,4% contra 34,6% a favor do candidato liberal, que se elegeu presidente.
Em 2019, Torres concorreu novamente, obtendo cifras melhores, mas o mesmo resultado final: a empresária chegou a vencer o primeiro turno com 25,5% a seu favor, contra 13,9% de Giammattei. No entanto, a união das candidaturas de direita no segundo turno permitiu uma reviravolta, com o conservador alcançando 57,9%, enquanto ela ficou com 42,1%.
Portanto, esta é a terceira tentativa de Torres para chegar à Presidência da Guatemala, novamente pelo UNE e com chances de superar o primeiro turno, segundo as pesquisas.
Entre os três favoritos, ela é a única que não aparece em terceiro lugar em nenhuma pesquisa, ficando sempre em primeiro ou em segundo. Ademais, é a única que lidera uma medição com uma vantagem acima da margem de erro.
Foi justamente a pesquisa mais recente, publicada na quinta-feira (22/06) pelo diário Prensa Libre e realizada pelo instituto ProDatos, que mostra Torres liderando com 21,3% das intenções de voto. Em segundo lugar aparece o candidato de centro-direita Edmond Mulet, com 13,4%, empatado tecnicamente com Zury Ríos Sosa, representante da extrema direita, com 9,1%. O governista Manuel Conde aparece mais atrás, com 5,8%.
Zury Ríos Sosa
A representante da extrema direita neste primeiro turno é Zury Ríos Sosa, filha do falecido general Efraín Ríos Montt, que comandou a ditadura militar na Guatemala entre os anos de 1982 e 1983.
Líder do último período ditatorial vivido na Guatemala, o pai de Zury ficou marcado pelo chamado “genocídio maia”, no qual as forças policiais e militares do país mataram mais de 25 mil pessoas de povos indígenas, segundo informe da Comissão de Esclarecimento Histórico, realizada nos anos 90 e que investigou os acontecimentos daquele período.
Os crimes contra a humanidade cometidos durante aquele governo levaram o ex-ditador Ríos Montt a ser condenado em 2013 por crimes de lesa humanidade, recebendo uma sentença de 80 anos de prisão. Porém, sua defesa conseguiu anular a decisão através de uma liminar, que poderia ter sido derrubada, mas o caso acabou arquivado em 2018, com a morte do militar.
Montagem
Sandra Torres, Edmond Mulet e Zury Ríos Sosa aparecem como favoritos nas eleições presidenciais da Guatemala
A partir de então, Zury passou a defender o “legado” da ditadura, com um discurso que evoca uma suposta “manutenção da ordem, da segurança e da normalidade” naquele período. Essa retórica convenceu parte da sociedade, fazendo ela recuperar parcialmente a imagem do pai e permitindo seu posicionamento como figura presidencial do partido Valor, de ultradireita.
Duas pesquisas colocam a extremista em primeiro lugar na disputa. A consultora mexicana GI360, em pesquisa publicada no dia 14 de junho, indica que Zury tem 25,5%, contra 21,5% de Torres, 16,8% de Mulet e 5,6% de Conde.
Já a empresa Espacio Muestral, divulgada nesta terça-feira (20/06), diz que Zury lidera com 19,5%, enquanto Torres tem 17,8%, Mulet tem 15,6% e Conde 4,9%.
Edmond Mulet
Quando tudo indicava um favoritismo de duas mulheres na disputa presidencial, apareceu a candidatura masculina de centro-direita de um ex-funcionário da Organização das Nações Unidas (ONU).
O advogado, político e diplomata Edmond Mulet trabalhou durante 11 anos na sede de Nova York do organismo multilateral, período no qual se desempenhou em importantes cargos: foi chefe da Missão da ONU para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH) e em dois momentos: entre junho de 2006 e agosto de 2007, e de janeiro de 2010 e maio de 2011. Também foi chefe de gabinete de Ban Ki-moon, entre 2015 e 2016.
Antes disso, Mulet foi deputado do Congresso da Guatemala (1986 e 1993), chegando a ser presidente da casa (1991 e 1992). Também exerceu como diplomata nas duas embaixadas mais importantes do país: nos Estados Unidos (1993 e 1996) e na União Europeia (2000 e 2006).
O currículo de Mulet o projeta como figura altamente respeitável na Guatemala, e é o seu principal trunfo discursivo em um país onde os últimos três presidentes sofreram com acusações de corrupção – os já citados Giammattei e Morales, além do também conservador Otto Pérez Molina.
Em 2020, Mulet fundou o seu próprio partido, o Cabal, que se aliou ao Partido Humanista da Guatemala para fortalecer a imagem do político como líder de uma plataforma que busca pacificar o país. No entanto, economicamente, seu programa defende ideias liberais e austeridade fiscal, com espaço limitado para programas sociais.
Além disso, a própria imagem de homem bem sucedido internacionalmente tem seu calcanhar de aquiles em seus vínculos com as violações aos direitos humanos cometidos pela MINUSTAH no Haiti, embora esse tema não tenha sido explorado na campanha presidencial até o momento.
A consultora Prosperidad Ciudadana, do influencer Carlos Pineda, publicou nesta quarta-feira (21/06) a única pesquisa que coloca Mulet em primeiro lugar, com 17,9% das intenções de voto, embora empatado tecnicamente com Torres, que tem 16,6%, e também com Zury, que tem 16,1%. O governista Conde aparece com 4,5%.
Pineda e Conde
Carlos Pineda, que publicou a pesquisa favorável a Mulet, não é só um influencer e tiktoker mais famoso da Guatemala, ele também foi candidato presidencial até o mês de maio. Seu partido tem o mesmo nome de sua consultora: Prosperidade Cidadã, e defende um discurso ultraliberal, como o do Partido Novo no Brasil.
Semanas atrás, Pineda era o terceiro na disputa, chegando a aparecer em segundo lugar em algumas sondagens, com cifras próximas aos 20% das intenções de voto.
Porém, no final de maio, a Corte de Constitucionalidade da Guatemala cassou a chapa do ultraliberal, alegando irregularidades na assembleia que oficializou sua candidatura.
Vale lembrar, ademais, que a candidatura de Pineda não foi a primeira a ser cassada pela Justiça guatemalteca. Em janeiro, a Corte de Constitucionalidade também barrou a inscrição do partido de esquerda Movimento pela Liberação dos Povos, que havia lançado a campanha da líder indígena Thelma Cabrera.
A partir de então, as pesquisas passaram a esperar uma migração de votos do ex-candidato para outros presidenciáveis. Segundo a imprensa local, Torres e Mulet foram os mais beneficiados por essa mudança no cenário, o que gerou uma preocupação em certos setores da direita, que esperavam que parte desse eleitorado apoiasse outro representante: Manuel Conde, do partido governista Vamos.
Porém, a baixa popularidade do presidente Giammattei não permitiu que esse plano se concretizasse.
Ainda assim, analistas locais dão certa importância a Conde, afirmando que sua infrutífera candidatura pode ser abandonada na última hora por eleitores que preferem defender Zury ou Mulet no domingo, na tentativa de enfraquecer a progressista Torres ou até tirá-la do segundo turno.
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Divulgação/FAB
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