Dez capitais mostram tendência de crescimento de síndrome respiratória provocada por covid-19, diz Fiocruz
Estudo alerta que, apesar de queda de casos e mortes, situação em cidades como Florianópolis e Fortaleza podem indicar ameaça de retomada da covid-19

Dos resultados positivos para Srag, 97,7% são consequência da covid-19, aponta o estudo. A análise compreende o período entre os dias 18 e 24 de outubro. Das 27 capitais, apenas sete apresentaram tendência de queda nos indicadores de casos e mortes. As cidades com forte tendência de crescimento são: Aracajú, Florianópolis, Fortaleza, João Pessoa, Macapá, Maceió e Salvador. Belém, São Luís e São Paulo mostram crescimento moderado.
De acordo com boletim do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass) divulgado hoje (30), o Brasil tem 159.477 mortos por covid-19; sendo 508 nas últimas 24 horas. Já o número de novas infecções cresceu 22.282 no período, totalizando 5.516.558 desde o início do surto, em março. “O pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe, observa que 20 das 27 capitais apresentam sinal de estabilidade ou crescimento na tendência de longo prazo”.
O estudo reflete tendências, e não a realidade momentânea, como afirma o texto divulgado pela Fiocruz. “O cenário nacional sugere que os casos notificados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) e de Covid-19, independentemente de presença de febre, apresentam tendência de queda mas com ocorrências muito altas.” Prever cenários para preparar ações é uma das principais funções da epidemiologia.
Cientistas evitam falar em uma segunda onda no Brasil, já que o país sequer superou a primeira. A queda no número de casos e mortes observada no último mês não foi suficiente para a superação do impacto. Sem medidas de controle, como distanciamento social, o Brasil atingiu, após 13 semanas no pico da doença, uma estabilidade relativa da curva em um estágio mediano.
Entretanto, uma segunda onda se propaga com força pela Europa e Estados Unidos. Uma nova mutação do vírus circula entre os países e ameaça todo o mundo. A disseminação deste no Brasil pode provocar um novo aumento de casos e mortos. Enquanto isso, o país segue sem preparação adequada, de acordo com cientistas, com mortes naturalizadas.
O Brasil é o segundo país com mais mortes, atrás apenas dos Estados Unidos, mesmo sendo um dos que menos testa no mundo. A covid-19 deve encerrar o ano como a doença mais fatal no Brasil, superando cânceres e doenças cardiovasculares.