De forma pacífica, Nicarágua vai às urnas para eleger o novo presidente

07/11/2021 20:21
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Desde as primeiras horas deste domingo (7), 4.478.334 de eleitores nicaraguenses maiores de 16 anos se encaminham para uma das 13.459 seções eleitorais autorizadas pelo Conselho Supremo Eleitoral para exercer seu direito a voto na eleição geral da Nicarágua Sandinista. É a oitava vez, desde a Revolução Sandinista, que derrubou a ditadura de Somoza, que o povo nicaraguense é chamado a decidir os rumos do país por meio do voto direto, secreto, soberano e popular.

 

Para garantir a ampla participação popular, a Nicarágua inaugurou 3.106 centros de votação e 13.459 Juntas de Recebimento de Votos (JRV) em 103 municípios para a eleição do Presidente e  Vice-Presidente da República e dos deputados da Assembleia Nacional (parlamento). Hoje, a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) conta com 70 cadeiras. A informação é do jornalista Beto Almeida diretamente de Manágua, capital da Nicarágua, para o Jornal Brasil Popular.

 

 

 

Presidente do Jornal Brasil PopularAlmeida é o enviado especial da TeleSur para acompanhar o processo de votação. “Aqui já houve a tal ‘Alternância de Poder’, e foi amarga: 15 anos de governos neoliberais que destruíram as conquistas da Revolução Sandinista, agora recuperadas, com apoio do voto popular”, lembra o jornalista. Ele informa que uma das conquistas é a da participação das mulheres nas eleições e cargos o Estado. “Um caso inédito no mundo”.

 

“Uma coisa que deve ser observada é que, por lei, 50% das candidaturas são femininas e, 50%, masculinas. É o país que tem o maior protagonismo feminino. As mulheres estão representadas com metade dos cargos no Poder Executivo, no Parlamento, nos projetos sociais, nas cooperativas, nas pequenas e microempresas, inclusive, o governo sandinista destina os financiamentos diretamente para pequenos e microempresários, sobretudo colocando em mãos das mulheres a responsabilidade de tocar em frente os projetos econômicos e sociais”, destaca.

 

“Ato do Conselho Eleitoral da Nicarágua, começou pontualmente às 9h, e na Mesa 6 mulheres, incluindo a Presidenta do Conselho, e 4 homens. Aqui governam as mulheres , todos dizem!”, diz Beto. Foto: Divulgação

 

 

Almeida afirma que a Nicarágua tem saúde e educação públicas e gratuitas. “Inclusive com um detalhe: hondurenhos, panamenhos e até norte-americanos atravessam fronteiras para realizarem seus tratamentos de saúde e comprar medicamentos aqui. Há informações de que cidadãos norte-americanos, costumeiramente, vêm à Nicarágua e compram medicamentos, realizam tratamentos, que são serviços gratuitos aqui quando, nos EUA, mais da metade da população não tem acesso aos serviços de saúde. Só se pagar. Como é caríssimo, não podem pagar”, observa.

 

Guerra midiática

 

A Nicarágua enfrenta, hoje, uma guerra midiática muito grande. Os EUA se preparam para fazer algum tipo de represália caso a Frente Sandinista vença as eleições que tem boa chances, segundo pesquisa, de se reeleger. “Talvez não reconhecer o resultado eleitoral. A União Europeia também deverá fazer coisas dessa natureza. Mas, o que importa é que toda a modificação da Constituição feita nos últimos anos aumentou o protagonismo popular e a capilaridade”, afirma.

 

Almeida informa que os mais de três mil centros de votação estão espalhados pelo país, que tem apenas 146 municípios, todos eles conectados por estradas asfaltadas, com algumas dessas estradas iluminadas, como pudemos experimentar nesta estada por aqui, e essas estradas conectam o país inteiro. A Costa Caribe, que era isolada e só se conseguia chegar lá por meio de avião ou por embarcação, levando-se dias para acessar a região e, hoje, em questão de 3 horas, se atravessa o país que está completamente interligado.

 

“Noventa e oito por cento do território da Nicarágua tem cobertura de eletrificação. A água potável chega a 97% das localidades. O país tem dado grande impulso à redução da pobreza, especialmente a da pobreza extrema, que foi reduzida de 24% para 6%, que é reconhecido por organismos internacionais”, destaca. Almeida diz que esse é um voto para decidir se o povo da Nicarágua mantém esse modelo de desenvolvimento social, baseado em cooperativas, protagonismo do Estado, mas também com alianças com certos setores da iniciativa privada, ou se atende ao chamado dos cinco partidos opositores.

 

“Há seis candidaturas. Daniel Ortega e mais cinco que são de opositores que defendem a volta ao modelo de economia neoliberal, o que o povo da Nicarágua já experimentou, já tem uma grande cicatriz em relação a isso. Foram 3 governos neoliberais consecutivos e já são três governos sandinistas consecutivos. Provavelmente, agora com os resultados dos indicadores econômicos e sociais muito elevados, apesar das sanções e boicotes econômicos norte-americanos e da tentativa de golpe em 2018, que paralisou a economia por 3 meses e causou um prejuízo superior a US$ 200 milhões, muito provavelmente, como temos visto por aqui, pelos sinais das pessoas quando vão votar”.

 

Segundo ele, pessoas de todas as idades, idosas etc. quando passam pela equipe da TeleSur fazem um sinal de V. “O V aí tem uma ambiguidade porque V, com os dedos das mãos, pode também significar o número dois. Que é o número de Daniel Ortega. Provavelmente, dará, novamente, Frente Sandinista na cabeça”, afirma.