Centrais sindicais enviam carta de agradecimento à CNBB pelo apoio à greve geral

05/05/2017 10:45

CUT e Brasil1

As centrais sindicais que lutam contra as reformas Trabalhista e da Previdência, reunidas nesta quinta-feira (4), em São Paulo, aprovaram o envio de uma carta à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para agradecer ao apoio recebido nas recentes lutas travadas em defesa dos direitos da classe trabalhadora.

“Decidimos manifestar de forma oficial o reconhecimento e gratidão ao apoio claro e explícito que a CNBB manifestou à luta pela justiça dos trabalhadores e do povo brasileiro no período recente, e particularmente, por ocasião da Greve Geral realizada no último dia 28 de abril”, afirma o documento.

Centrais reunidas 0405

Confira abaixo a íntegra da carta à CNBB:

Para
S. Eminência Reverendíssima
Dom Sérgio, Cardeal Rocha
DD. Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

Prezado Dom Sérgio,

Reunidos em São Paulo nesta data, dirigentes sindicais das Centrais Sindicais – CSB – Central dos Sindicatos Brasileiros ; CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras no Brasil ; CGTB – Central Geral dos Trabalhadores do Brasil ; CUT – Central Única dos Trabalhadores ; CSP – Conlutas – Coordenação Nacional de Lutas; Força Sindical ; Intersindical Central da Classe Trabalhadora ; NCST – Nova Central Sindical de Trabalhadores ; UGT – União Geral dos Trabalhadores, decidimos manifestar de forma oficial nosso reconhecimento e nossa gratidão ao apoio claro e explícito que a CNBB no Brasil manifestou à luta pela justiça dos trabalhadores e do povo brasileiro no período recente, e particularmente por ocasião da Greve Geral realizada no último dia 28 de abril.

A coragem e a generosidade  reconhecidas de muitos Bispos ao publicarem explicitamente seu apoio ao Movimento, e sobretudo as declarações claras e enérgicas por parte da própria Assembléia, provocaram, dom Sérgio, um encorajamento, um ânimo muito grande em nossa gente.

Queremos que o Senhor saiba deste nosso reconhecimento porque sabemos também o quanto lhes custa tomar estas posições, e as pressões que os poderosos exercem em defesa de seus privilégios e de seus projetos que legalizam a exploração e a exclusão.

Dom Sérgio, esteja certo: não estamos lutando por privilégios de grupos ou corporações. Estamos lutando para que os mais pobres e excluídos deste Brasil não sejam ainda mais massacrados por reformas legais que falam em modernização, mas que se constituem na prática em formas cruéis de aumentar a exploração; lutamos para que nosso País não tenha alienados seus bens mais estratégicos, para que o sistema financeiro e o mercado não sejam a única orientação política deste País.

Confessamos ao Senhor e aos membros desta Assembléia que nem nós imaginávamos que este Governo fosse chegar tão longe em suas ações de retirada de direitos daqueles que historicamente já foram vítimas da exclusão.  E a cada dia uma nova surpresa: veja, dom Sérgio o escândalo desta nova proposta de legislação trabalhista para o campo, que quer impor ao trabalhador condições análogas à escravidão: 18 dias de trabalho seguidos,  jornada de 12 horas, pagamento em casa ou alimentação, venda total das férias… Veja o relatório da CPI da Funai e do Incra, criminalizando aqueles que ousam defender a população indígena, vítima extrema da espoliação.

Dom Sérgio, o combate que eles fazem ao financiamento  sindical é outra tentativa de fragilizar a resistência a seus projetos; enquanto isso, as entidades patronais auferem, através do sistema S, recursos infinitamente maiores.

É contra esta sanha exploradora que nos levantamos e vemos com satisfação que nosso grito se faz ouvir cada dia mais pela população e por entidades da importância da CNBB.

Muito obrigado, dom Sérgio, por podermos compartilhar esta luta pela justiça. Transmita, por favor a Dom Leonardo e a todos os Bispos, este nosso reconhecimento. Ao mesmo tempo, devemos lhe dizer que nossa luta deverá ser dura e muito longa. Continuamos, por isso, contando, com sua generosidade, sua coragem profética e seu apoio de Pastores.

São Paulo, 4 de maio de 2017.

CSB – Central dos Sindicatos Brasileiros
CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras no Brasil
CGTB – Central Geral dos Trabalhadores do Brasil
CUT – Central Única dos Trabalhadores
CSP – Conlutas – Coordenação Nacional de Lutas
Força Sindical 
Intersindical – Central da Classe Trabalhadora
NCST – Nova Central Sindical de Trabalhadores
UGT – União Geral dos Trabalhadores,

 

Fonte: CUT Nacional