Câmara aprova projeto do governo que aumenta o salário mínimo. No Chile

10/05/2022 07:11
Câmara do Chile
Acordo
Câmara aprova aumento do salário mínimo, que devera atingir 830 mil trabalhadores chilenos e beneficiar a economia. Segundo o governo, é o maior índice em 25 anos

São Paulo – Enquanto o atual governo brasileiro se notabiliza por interlocução zero com movimentos sociais e por reduzir o poder de compra do salário mínimo, o novo governo do Chile aprovou, pela via da negociação, um aumento do sueldo mínimo local. O projeto, resultado de acordo com a Central Unitaria de Trabajadores (CUT), já passou pela Câmara. A negociação inclui ainda a cesta (canasta) básica chilena. “Ambas (as medidas) fruto de grandes acordos sociais com trabalhadores, empresas, pequenas e médias, e autoridades, e se discutem atualmente no Congresso”, afirmou em rede social o presidente Gabriel Boric.

De acordo com o governo, é o maior reajuste (14,3%) para o piso em 25 anos. O Ministério do Trabalho informa que 830 mil chilenos recebem o salário mínimo.

Reajuste em duas etapas

Assim, o chamado Ingreso Mínimo Mensual (IMM), para trabalhadores acima de 18 e até 65 anos, sobe 50 mil pesos neste ano: para 380 mil a partir de 1º de maio e 400 mil em 1º de agosto. Caso a inflação acumulada em 12 meses até dezembro supere os 7%, o salário mínimo vai a 410 mil em janeiro de 2023. O Estado deverá conceder uma compensação transitória a micro, pequenas e médias empresas (responsáveis por mais da metade do emprego disponível no Chile) para ajudar a absorver o impacto do aumento.

Quatrocentos mil pesos correspondem a aproximadamente US$ 460. O mínimo brasileiro (R$ 1.212) vale hoje em torno de US$ 236. O governo brasileiro acabou com a política de valorização do piso nacional. E o jornal O Globo informou que o mínimo perderá poder de compra pela primeira vez desde a implementação do Plano Real. Além disso, a inflação crescente atinge principalmente preços de produtos básicos e corrói o poder de compra.

Linha da pobreza

“Pela primeira vez, incluímos entre os benefícios trabalhistas um complemento à Asignación Familiar (um subsídio para a população mais vulnerável) pelo custo da cesta básica de alimentos”, afirmou o ministro da Fazenda, Mario Marcel Cullell. “Esta é uma inovação importante, porque nos dá uma forma de mitigar e combater a inflação que não tínhamos no Chile.”

“Consideramos este ponto um avanço significativo, não apenas porque injeta recursos diretamente no bolso das e dos trabalhadores em curto prazo, mas também porque nos aproxima muito mais do esforço que pedimos ao governo de chegar, antes do final de mandato, a um salário mínimo que esteja sobre a linha da pobreza”, afirma a CUT chilena, em nota. “Entendemos que este reajuste do IMM é histórico, já que os valores acordados significam um incremento percentual que não se havia dado os últimos 25 anos.”