Atos de 1º de Maio no RS defendem vida, vacina, emprego, renda, solidariedade e fora Bolsonaro

02/05/2021 09:47

Centrais no 1M (2)

A solidariedade com quem passa fome e a luta por vida, emprego, democracia, vacina já para todos e todas, auxílio emergencial de R$ 600, contra as privatizações e pelo Fora Bolsonaro foram as marcas do Dia Internacional do Trabalhador e da Trabalhadora neste 1º de Maio no Rio Grande do Sul. Houve manifestações em Porto Alegre, Caxias do Sul e Santa Maria, dentre outras cidades. 

Ocorreram também várias coletas de alimentos, como o "Drive-Thru da Solidariedade" na Capital, além da doação de cestas básicas para famílias carentes na periferia.

Cestas 1M

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) chegou ao ato com vários caminhões, trazendo alimentos colhidos por assentados da reforma agrária, que foram doados para famílias carentes na periferia da Capital, como nos bairros Lomba do Pinheiro e Vila Cruzeiro. Com isso, o dia ficou também marcado com a chamada “vacina no braço e comida no prato”.

Caminhão 1M (2)

Segundo o dirigente do MST, Cedenir de Oliveira, ao longo da história do MST, a solidariedade marcou a luta do movimento. “Trazemos aqui 50 toneladas de alimentos produzidos pelo nosso povo a esses companheiros que infelizmente estão passando fome. O agronegócio é o que mais tem ganhado nessa crise, e o que eles distribuíram de comida nesse país? Nada, porque eles não produzem comida, quem produz são os assentados e pequenos agricultores."

“Temos consciência de que, se a crise é deles, quem paga a conta somos nós, milhões de trabalhadores, desempregados, milhões de pessoas que infelizmente voltam a passar fome. Por isso, neste dia estamos juntos nessa luta de solidariedade trazendo um pouco do que temos”, salientou Cedenir.

MST no 1M

Foi um dia memorável

Para o presidente estadual da CUT-RS, "foi um dia memorável" ao fazer um balanço das inúmeras atividades realizadas no estado e no país. “É um dia de luto. De prestar solidariedade às famílias de tantos trabalhadores mortos por consequência da política genocida estabelecida pelo governo federal. A solidariedade faz parte da nossa resistência. Não podemos mais conviver com milhões de desempregados.

Amarildo no 1M

Segundo o dirigente sindical, o governo tem aproveitado a pandemia para retirar direitos, colocando à venda o patrimônio público e acelerando o desmonte do estado brasileiro, através de reformas em curso, como por exemplo a reforma Administrativa. "Mas hoje é também um dia de luta, dia e de esperança. Por isso, temos que reafirmar a defesa da vida e a nossa unidade para resgatar a justiça social, reconstruir um país de direitos e acabar com a entrega do patrimônio público”.

Ato estadual solidário

Na Capital, as atividades começaram, às 10h, com a realização de um ato estadual simbólico, unificado e solidário das centrais sindicais, no Largo Glênio Peres, com transmissão pela Rede Soberania e Brasil de Fato pelo Facebook e com cruzamento na página da CUT Rio Grande do Sul, sindicatos, federações e parcerias. 

A secretária-geral da CUT-RS, Vitalina Gonçalves, e a vice-presidente da CTB-RS, Silvana Conti, coordenaram o ato, destacando o caráter de luta, resistência e solidariedade. Elam ressaltaram a importância da vacinação em massa e do emprego e da renda. E não cansaram de puxar a palavra-de-ordem "fora Bolsonaro". 

Vita1M

A mobilização começou, às 10h, com momento de espirutalidade pelo Fórum Inter-religioso e Ecumênico do RS, que reúne igrejas cristãs e religiões afro-brasileiras. O representante das pastorais sociais da CNBB, Waldir Bohn Gass, lembrou das mais de 400 mil vidas perdidas por conta da covid-19, dos mais de 14 milhões de infectados e dos milhões de desempregados e subempregados. “Como diz o Papa Francisco, esse sistema, essa economia mata, tem que mudar e somos nós, o povo, que temos que fazer essa mudança”, afirmou.

O coordenador da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileira e Saúde, babalorixá Baba Diba de Yemonjá, conclamou os movimentos e se mobilizar contra a fome e dizer "fora Bolsonaro e fora Mourão". Segundo ele, as inúmeras mortes são frutos da incompetência, do fascismo e do ódio de “um governo que não teve condições de criar estratégia para combater a pandemia do coronavírus”. 

Baba Diba

Unidade em defesa da classe trabalhadora

Conforme o presidente da CTB-RS, Guiomar Vidor, vivemos um momento de grande dificuldade no país. “Isso tudo tem dois grandes responsáveis. Não é só o coronavírus. Temos um grande responsável à frente da nossa pátria, um governante negacionista. Os trabalhadores e as trabalhadoras vivem a maior regressão civilizacional do nosso país, que começou com a reforma trabalhista e da Previdência, depois congelaram investimentos na saúde, educação e segurança. Dentro desse contexto, tivemos a crise agravada pelo negacionismo da ciência deste desgoverno que tanto mal tem feito ao Brasil”, denunciou. 

bandeiras no 1M

Para a representante da CSP-Conlutas, Cleusa Werner, é um dia de ato de luta e solidariedade classista onde se preservam os princípios da classe trabalhadora. “Nós não temos muito o que comemorar a não ser a nossa força e a nossa luta. A gente se soma a todos aqueles que querem o fim desse governo genocida, que protelou a compra de vacinas, fica de joelhos ao capital, assim como aqui no estado, com o Eduardo Leite, e em Porto Alegre, com o Melo”, disse.

Na avaliação do presidente estadual da CGTB-RS, Nelcir André Varnier, os governos estão alienados às questões do povo, resultando em uma falta de perspectiva e desemprego. “Hoje é dia em homenagem aos trabalhadores, responsáveis por conquistar direitos que hoje estão sendo retirados, trabalhadores que constroem a riqueza do país e estão alijados dessa riqueza, graças a um estado capturado por uma minoria que manda nesse país. Para ele, o governo aproveita para roubar o patrimônio público. “São vendilhões da pátria, desconectados como povo brasileiro”, alertou.

Quero vacina1M

Segundo a representante da Intersindical, Tamires Figueiro, o momento exige mobilização diante das mortes. “Desde o início, Bolsonaro vem tratando a pandemia com desdém”, destacou. Ela também lembrou que o governador Eduardo Leite quer que as escolas voltem à normalidade. “Ele quer colocar famílias, professores, funcionários de escola, arriscando suas vidas, enquanto ele faz isso de sua casa, em home office. Eu, como mãe de uma filha de educação infantil, digo que ela não voltará para a escola”, afirmou. Tamires fez também críticas ao prefeito de Porto Alegre, que quer privatizar a empresa de transporte público da cidade. “A Carris é patrimônio histórico. Muitos rodoviários já perderam a vida na pandemia. São trabalhadores da linha de frente”, apontou.

cruzes no 1M

O representante da CSB, Andrezão Costa, repudiou também o descaso do governo federal na pandemia. "Por isso, a nossa marcha é pela vida, comida no prato e vacina no braço. Vamos até a queda do Bolsonaro ocupar espaços porque não dá mais, esse governo genocida mata o trabalhador”, criticou.

O diretor da Força Sindical, Cláudio Corrêa, disse que "não podemos esquecer os companheiros nossos que tiveram sua vida ceifada por esse crime, muitos líderes sindicais desse país. A nossa luta não vai parar. Aqui no estado temos deputados e pessoas que apoiam o projeto de um copo de leite e um pão seco por dia para cada família, que são os R$ 150 por mês oferecidos. Como que uma família vai sobreviver com um copo de leite e um pão seco por dia? Nossa luta continua. Nós teremos os R$ 600, nós vamos lutar”, destacou ao defender a volta do auxílio emergencial ao valor inicial.

O representante do Fórum Sindical e Popular, Erico Correa, frisou que o capitalismo escancarou a sua barbárie, condenando milhões de pessoas à fome, ao desemprego, à desesperança e à miséria. “Os governos no mundo todo têm seguido a cartilha neoliberal de defender o agronegócio e o sistema financeiro. Não é à toa que os bilionários ficaram mais ricos ainda em cima do desastre humanitário que vivemos há mais de um ano. É insuportável assistir a 3,5 mil pessoas morrendo por dia no Brasil. O país vai atingir 500 mil mortes e temos que construir o enfrentamento ao Bolsonaro e seu governo genocida”, alertou.

Ato 1M

Estamos na luta, não vamos recuar e não vamos desistir.

A presidente do CPERS Sindicato, Helenir Aguiar Schürer, lembrou que no Brasil mais de duas mil crianças morreram por conta da covid-19. Ela destacou que essa doença causa sérios problemas e deixa sequelas para o futuro das crianças. De acordo com Helenir, “o governo estadual provocou uma insegurança em toda a sociedade gaúcha ao impor a retomada do ensino presencial em troca da extinção do plebiscito para a privatização do patrimônio público”.

“O governo, acima de tudo, acima das vidas, quer vender o Banrisul, a Corsan e a Procergs. Ele faz qualquer coisa, mesmo condenando ao corredor de morte professores e alunos. Estamos na luta, não vamos recuar e não vamos desistir. A  partir da semana que vem, vamos fazer atos importantes para impedir esse genocídio e vamos responder à altura o governo do estado de que não somos moedas de troca”, avisou Helenir.

Helenir no 1M

O presidente do Sindisaúde-RS, Julio Jesien, lembrou das dezenas de profissionais de saúde na linha de frente que foram a óbito para salvar aqueles que muitas vezes se negaram a usar máscara ou fazer distanciamento social. “Hoje a situação é um pouco mais tranquila, principalmente em Porto Alegre. Já temos 90% da categoria vacinada com a primeira dose e 60% com a segunda dose. Mas a nossa luta não termina aqui, passamos o inverno todo lutando por EPI, vacina e testagem.”

O diretor do Sintect-RS, Alexandre dos Santos Nunes, falou em nome dos trabalhadores ameçados pelas privatizações. Ele frisou que é preciso, a partir das centrais sindicais, construir a unidade das categorias para derrotar a PEC 280, que acaba com o plebiscito para a venda da Corsan, Banrisul e Procergs, o PL 591, que prevê a privatização dos Correios, e afastar a sanha privatista do país. “A burguesia está exigindo do Bolsonaro, do Leite e do Melo o que ela quer e os trabalhadores não estão conseguindo dar uma resposta coletiva”, avaliou.

A representante do representado o Comitê Popular de Enfrentamento à Covid-19, Itanajara de Oxum Almeida, disse que “estamos nos unindo, fazendo com que a nossa força seja sempre relevante diante dessa gestão pública, que não nos enxerga enquanto população negra nesse estado e nessa cidade, que não nos enxerga enquanto povo tradicional”, disse. "Não vamos parar porque o nosso nome é resistência. Estamos fazendo um grande ato de solidariedade para distribuir comida para aqueles que têm fome. Não adianta o poder público dizer que estão doando 50 mil cestas básicas porque elas não estão chegando nas casas”, observou.

Sintrajufe no 1M

A vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) no RS, Gabriela Silveira, saudou os profissionais da saúde e destacou que o governo federal tem um projeto genocida, anticiência e que não defende a vida. "Lutamos todos os dias em defesa do Brasil soberano, com comida no prato do nosso povo. Nós lutamos pela educação porque entendemos que é uma maneira de emancipar o nosso povo. Nós colocamos a classe trabalhadora dentro das universidades e não vamos recuar, defendemos a vida e a ciência e, por isso, nos somamos à luta dos trabalhadores hoje.”

Bolsonaro e Leite querem vender o patrimônio público

O deputado estadual Edegar Pretto (PT) indagou se alguém já viu caminhão de um bolsonarista ou latifundiário entrar na periferia. “Eles não entram porque são negacionistas e fascistas. Tem que ser a agricultura familiar para fazer o que esse governo não faz”, ressaltou.

De acordo com o parlamentar, no RS a diferença do governo estadual com o governo federal é somente de personalidades e ambos querem entregar o patrimônio público. “Nenhuma iniciativa do governo Leite até aqui foi para salvar a economia, 20% dos bares e restaurantes fecharam as portas nesta pandemia e não tem nenhuma política pública do governo estadual”, salientou.

Edegar 1M

A deputada federal Fernanda Melchionna (PSol) destacou que mesmo aqueles que defendem a ciência e não são a favor do negacionismo, em nome da privatização dos Correios e da Eletrobras e da reforma administrativa, aceitam calados ao desmonte. “A burguesia brasileira silencia com o governo Bolsonaro. Ele cometeu crimes contra a humanidade e a luta política é pelo fora Bolsonaro e pelo impeachment já. Aproveitam a pandemia para passar a boiada”, frisou.

Ela também criticou o governo Leite, que muda as bandeiras do controlamento distanciado à sua vontade para impor a volta dos trabalhadores da educação às aulas presenciais nas escolas. “Derrotar a extrema direita é a tarefa da nossa geração, um país que vive um genocídio do povo negro e indígenas nunca teve uma democracia plena, temos que sonhar com uma democracia real e verdadeira”, enfatizou Fernanda. 

Daiane

A vereadora Daiana Santos (PCdoB) saudou os profissionais da saúde e os trabalhadores da Carris. “Não aceitaremos as privatizações e  lutaremos até o fim, por respeito, pela forma absurda como está sendo feita essa política em nossa cidade e nosso país. Nos colocamos à frente, não vamos fugir da luta porque isso é parte do nosso projeto político”, afirmou.

Houve ainda falas de representantes da UP,  Vinicius Stone, do PCB, Cláudia Tomielo, do PSTU, Dani Maisana, da juventude do PT, Pedro Duval, e do Movimento de Mulheres Mirabal e Movimento Olga Benário, Nana Sanches.

Ao final do ato, foi distribuída uma marmita para cada morador e moradora de rua do centro da Capital, como gesto solidário das centrais sindicais.

Marmita5 (2)

Assista à transmissão do ato estadual

À tarde, às 14h, foi realizada uma live nacional das centrais sindicais, transmitida pela TVT e nas redes sociais do movimento sindical. Contou com a participação de movimentos sociais, dos ex-presidentes Lula e Dilma, do governador do Maranhão, Flávio Dino e de artistas como Chico Cesar, Chico Buarque, Elza Soares, Bia Ferreira, Teresa Cristina, Doralyce, Aíla, Paulo Betti, Osmar Prado, Sílvio Almeida e Gregório Duvivier, dentre outros.

Assista à live nacional das centrais sindicais

Às 16h, aconteceu um abraço à Companhia Carris Porto-Alegrense (Carris), a empresa pública de transporte público de Porto Alegre que corre risco de privatização. O ato teve igualmente transmissão pelo Rede Soberania e Brasil de Fato no Facebook e compartilhado na página da CUT Rio Grande do Sul.

Assista ao abraço à Carris

No início da noite, às 19h, as centrais sindicais no RS e o Comitê Popular de Enfrentamento à Covid-19 promoveram uma live cultural, com apresentações de artistas locais, em homenagem aos trabalhadores e às trabalhadoras.

Assista à transmissão da live cultural

Ato em Caxias do Sul

Ato em Caxias5

Ato em Santa Maria

SM 1M

Fotos: Carolina Lima / CUT-RS, Igor Speroto / Extra Classe,  Marcus Perez / MetalSaoleo e Maiara Rauber / MST

 

Fonte: CUT-RS com Brasil de Fato e Extra Classe