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Ato em Porto Alegre protesta contra extinção do Anfiteatro Pôr do Sol
19/09/2023 08:00

Um ato de protesto foi realizado, na tarde deste domingo (17), contra a extinção do Anfiteatro Pôr do Sol, na orla do Guaíba, em Porto Alegre. Os participantes criticaram a política de privatização dos espaços públicos pela gestão do prefeito bolsonarista Sebastião Melo (MDB), que já concedeu várias praças para a exploração de empresas privadas.
A manifestação ocorreu junto ao antiteatro, um local para espetáculos e eventos a céu aberto, inaugurado durante as administrações do PT em 13 de maio de 2000, com capacidade para cerca de 70 mil pessoas, onde ocorreram também vários shows no Fórum Social Mundial.
Estiveram presentes o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, representantes de movimentos sociais e ambientais, sindicatos, coletivos, organizações não-governamentais e parlamentares.
Segundo os organizadores, a proposta de concessão elaborada pela Secretaria Municipal de Parcerias impede a recuperação do anfiteatro, que foi abandonado pelas últimas administrações da Prefeitura, e pretende transformar o local em área comercial e de empreendimentos.
Os ambientalistas denunciaram que isso irá prejudicar a fauna nativa e os animais, como tartarugas e aves ciliares, que habitam a região.
Espaco sucateado para especulação imobiliária
Amarildo denunciou as privatizações do governo Melo, frisando que não dialogam com o interesse da maioria dos porto-alegrenses, e põem em risco a fauna e a flora da região, além de impedir e dificultar o acesso da população à orla da Guaíba.
“O prefeito quer tirar o pôr do sol da população e isso não está certo. Este espaço já recebeu grandes artistas e eventos, levando cultura de forma gratuita para a cidade e foi sucateado propositalmente para atender os interesses da especulação imobiliária”, destacou o dirigene sindical.
O professor do Departamento de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e integrante do Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (InGá), Paulo Brack, enfatizou que a concessão do espaço a iniciativas privadas pode gerar um problema ambiental para a cidade.
“Tem tartarugas que colocam os ovos nesse espaço. A destruição da mata ciliar que tem muita vegetação e aves é preocupante. Essa zona é importante e o projeto que a prefeitura quer visa o desmatamento. Esse projeto visa a impermeabilização do solo para grandes prédios”, denunciou.
Brack ressaltou que cerca de 50 aves, que viviam nas margens do Parque Harmonia, se refugiaram na vegetação no entorno do anfiteatro por conta da desarborização do parque, onde foram derrubadas mais de 100 árvores. “Acreditamos que muitas aves, que estavam lá, vieram para o anfiteatro.".
Concessão pode gerar dano ambiental
A vice-presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), bióloga Simone Portela de Azambuja, reforçou que a concessão de espaços ambientais pode gerar um dano ambiental à cidade. “A nossa segurança em relação à mitigação das mudanças climáticas estão nos espaços verdes de Porto Alegre. As árvores representam uma regulação da temperatura climática, infiltração de água no solo e isso faz com que não haja alagamentos na cidade de grande proporção”, explicou.
Para ela, o anfiteatro é uma área de preservação permanente da cidade e de proteção em relação às mudanças climáticas e o projeto da Prefeitura não passou pelo comitê municipal do meio ambiente.
“Essa concessão, além de não escutar a população, não passou pelo comitê municipal do meio ambiente, que decide tudo o que tem a ver com a questão ambiental da cidade. Passou pela Câmara de Vereadores, passou pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano, mas não pelo comitê do meio ambiente”, protestou.
Foto: Matheus Piccini / CUT-RS
Fonte: CUT-RS com informações do Correio do Povo