Página inicial > A guerra hoje é outra, mas a reivindicação de Lula na ONU é a de sempre: mais voz para o Brasil
A guerra hoje é outra, mas a reivindicação de Lula na ONU é a de sempre: mais voz para o Brasil
19/09/2023 07:58
Desde 2003, ano do conflito no Iraque, o Brasil cobra uma reforma da instituição e da governança global como um todo
Abertura de encontro sobre objetivos de desenvolvimento sustentável, nesta segunda (18), que precede a inauguração da Assembleia Geral da ONU - TIMOTHY A. CLARY / AFP
Começa nessa terça-feira (19) a 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Como de costume, o Brasil fará o discurso de abertura do evento, que pode reunir todos os 193 membros da ONU. No púlpito estará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pela oitava vez, com o microfone aberto para discorrer sobre as linhas principais da política externa brasileira em diferentes temas.
O teor do discurso é sigiloso. Mas, tomando como base a participação de Lula em eventos recentes, como as cúpulas do Brics e do G7, é bem provável que ele pressione teclas nas quais vem batendo há 20 anos. Quando discursou nas Nações Unidas pela primeira vez, em 2003, o presidente se concentrou principalmente em dois temas: reformas da governança global e combate à fome. Em 2009, quando fez seu último discurso, voltou a falar de governança e destacou dois outros temas: crise financeira e mudanças climáticas.
Ou seja, uma breve observação do histórico de intervenções públicas de Lula permite notar que, dentre todos os assuntos, a reforma dos sistemas de governança mundial é um que ele nunca deixa de abordar. Motivo: ele quer que o Brasil, assim como outros países, tenha um lugar de fala mais destacado nas tomadas de decisões globais, notadamente aquelas referentes à paz e segurança internacionais. E que suas falas possam ser transformadas em ações.
“A reforma da ONU tornou-se um imperativo, diante do risco de retrocesso no ordenamento político internacional”, discursou Lula em 2003. Criticou o fato de a composição dos membros permanentes do Conselho de Segurança ser a mesma de quando a ONU foi criada, em 1945, e disse ser indispensável que as decisões do órgão gozem de legitimidade junto à Comunidade de Nações como um todo, um processo que ele qualifica de “aperfeiçoamento do sistema multilateral”.
Os membros permanentes eram cinco: Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido e China, basicamente as potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Hoje, 20 anos depois, a composição continua a mesma. E Lula segue martelando para que este núcleo duro seja ampliado, argumentando que o cenário do pós-guerra não existe mais.
Uma regra em particular incomodava o presidente: o fato de os membros permanentes terem direito a veto sobre qualquer assunto, o que lhes confere poder de bloquear qualquer iniciativa da qual discordem. Nesse sentido, Lula afirmou: “A ONU já deu mostras de que há alternativas jurídicas e políticas para a paralisia do veto e as ações sem endosso multilateral”. No entanto, passadas duas décadas, o veto segue vigente. E Lula continua a criticá-lo sempre que tem uma oportunidade.
É importante considerar a “emergência de países em desenvolvimento como atores importantes no cenário internacional, muitas vezes exercendo papel crucial na busca de soluções pacíficas e equilibradas para os conflitos”, dizia o presidente em 2003, enfatizando que sua reivindicação não se refere apenas ao Brasil, mas a países em desenvolvimento de maneira geral.
Na época, o contexto era a segunda guerra no Iraque, que havia vitimado iraquianos e cidadãos de outras nacionalidades, entre eles o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, então Alto Comissário para Direitos Humanos da ONU.
“Pode-se talvez vencer uma guerra isoladamente. Mas não se pode construir a paz duradoura sem o concurso de todos”, dizia o presidente. “A ONU não foi concebida para remover os escombros dos conflitos que ela não pôde evitar por mais valioso que seja o seu trabalho humanitário. Nossa tarefa central é preservar os povos do flagelo da guerra. Buscar soluções negociadas”.
Em 2009, ano em que Lula fez seu último discurso — ainda era presidente em 2010, mas não foi à ONU —, o destaque no cenário internacional era de outra ordem: os desdobramentos da grave crise financeira de 2008, detonada pela quebra do banco Lehman Brothers. Mas o presidente também a usou como mote para defender reformas nas lógicas de governança. Afinal, os países desenvolvidos e os organismos multilaterais onde eles eram hegemônicos, defendia o presidente, haviam sido “incapazes de prever a catástrofe que se iniciava e, menos ainda, de preveni-la”, em mais uma demonstração de que a correção de rumo da economia mundial não poderia ficar “apenas a cargo dos de sempre”.
Mais do que a crise dos grandes bancos, defendia Lula, o mundo vivia a “crise dos grandes dogmas”. “O que caiu por terra foi toda uma concepção econômica, política e social tida como inquestionável. O que faliu foi um insensato modelo de pensamento e de ação que subjugou o mundo nas últimas décadas. Foi a doutrina absurda de que os mercados podiam autorregular-se, dispensando qualquer intervenção do Estado, considerado por muitos um mero estorvo”, afirmou em seu pronunciamento de 2009.
Hoje, o mundo convive com mais um conflito, na Ucrânia, provocado pela invasão de um país que é membro permanente do Con selho de Segurança da ONU, a Rússia. Lula tem condenado a invasão, mas sempre se recusou a ecoar as fortes críticas das potências ocidentais, que exigem a saída das tropas russas dos territórios invadidos como pré-condição para se negociar um acordo de paz.
O conflito prossegue e provavelmente será mais um gancho para Lula enfatizar que a busca por um planeta mais pacífico só se tornará viável quando as questões relativas a segurança e paz foram geridas de uma forma mais adequada à ordem mundial vigente neste ano de 2023.
Além de si próprio, o Brasil defende a inclusão da Índia, da Alemanha e do Japão como membros permanentes do Conselho de Segurança. Alemanha e Japão são os grandes derrotados da Segunda Guerra Mundial, portanto ficaram excluídos da definição da governança global naquela época. Lá se vão quase 80 anos. A Índia, como o Brasil, é membro fundador do Brics, assim como China, Rússia e África do Sul. O blo co realizou recentemente uma reunião de cúpula e cobrou, por meio de sua declaração final, a expansão do CS da ONU.
O discurso de Lula poderá ser acompanhado aqui, na manhã desta terça (19). E aqui é possível acompanhar a programação completa. A Assembleia Geral começa às 10h (de Brasília) e Lula é o terceiro a falar.
Ricardo Antunes adverte sobre os efeitos nefastos da aprovação do PL dos Aplicativos para a classe trabalhadora em entrevista ao Instituto Humanitas Unisinos.
Instituto Humanitas Unisinos entrevista Ricardo Antunes
No Brasil de 2023,...
Ministério da Gestão propõe aumentar benefícios e negociar aumentos com cada categoria separadamente
Vinicius Konchinski
Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Técnicos, docentes e estudantes do campus São Paulo do IFSP se reúnem no primeiro dia...
Na primeira audiência pública do ano, nesta quinta-feira (5), a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) debateu as novas regras para concessão de pensão por morte e para o seguro desemprego. Todos os convidados se manifestaram pela rejeição, por inconstitucionalidade, das...
Da Carta Capital
Em entrevista, João Pedro Stedile, membro da coordenação do MST, afirma que cabe aos movimentos sociais cobrar do governo as mudanças sociais necessárias, e que a campanha de Impeachment articulada pela direita é "uma tática para acuar o governo. Para que ele tenha medo de...
Na foto : Neuza, Paulo, Neiva, Marizar e Vilma
A conteceu no sabado dia 21 de fevereiro a festa para comemorar os 82 anos de existência do Sindicato dos Sapateiros e Sapateiras do Vale dos Sinos num clima de alegria e confraternização nós da CUT Pode Mais estavamos presente com inumeros...
O PL 4.330/04, que expande a terceirização, foi desarquivado nesta terça-feira (10). De autoria do ex-deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), o projeto está pronto para votação no plenário da Câmara dos Deputados.
A votação do projeto em plenário depende do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),...
Cai por terra o parecer do jurista Ives Gandra, produzido a pedido de um advogado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que vê condições jurídicas para um impeachment da presidente Dilma Rousseff; a tese defendida por Gandra está errada; é o que dizem Lenio Streck...
Dieese alerta para os prejuízos de novas regras do seguro-desemprego
15 janeiro, quinta-feira, 2015 às 1:04 pm
Comentários
Coordenador do instituto lembra que medidas não foram dialogadas com o movimento sindical
O coordenador de atendimento sindical do Dieese, Airton Santos,...
CPERS reúne-se com secretário de Educação para garantir início de ano letivo sem falta de professores
16 janeiro, sexta-feira, 2015 às 1:11 pm
Comentários
A Direção Central do CPERS reuniu-se, na quinta-feira, 15, com o secretário estadual de educação, Vieira da Cunha, e sua equipe...
Vitória dos trabalhadores: aprovado reajuste de 16% para o Piso Regional
2 dezembro, terça-feira, 2014 às 5:00 pm
Comentários
Em um dia marcado pelo debate sobre o tema, com audiência pública e Grande Expediente, a classe trabalhadora comemora
Com 41 votos favoráveis e nenhum...
CUT reivindica e Dilma monta mesa de negociação permanente para discutir agenda dos/as trabalhadores/as
Em audiência com a presidenta Dilma Rousseff, presidente da CUT, Vagner Freitas, cobra manutenção de políticas sociais e mais diálogo com movimento sindical
Em audiência realizada nesta...